terça-feira, 23 de agosto de 2016

Redes sociais: perigos concentrados entre os 8 e 12 anos

Micaela Ortega de 12 anos. Seu assassino (preso) a enganou por meio de Facebook.
Micaela Ortega de 12 anos. Seu assassino (preso) a enganou por meio de Facebook.
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
webmaster de
diversos blogs




Um caso horrível verificou-se na Argentina. Micaela Ortega, de 12 anos, foi assassinada após encontrar-se com um homem de 26 que conheceu pelo Facebook.

As crianças de 8 a 12 anos presas à Internet constituem o grupo mais vulnerável para um abusador sexual, alertou o procurador argentino Horacio Azzolín, da Unidade Especializada em Ciberdelinquência (Ufeci).

Segundo especialistas citados pelo diário “La Nación” de Buenos Aires, os pais que começam a se preocupar com a vida virtual de seu filho quando esse faz 12 anos estão chegando tarde.

Ainda são crianças, mas não estão mais na infância. Tudo as encaminha precocemente para a vida adulta, mas não desenvolveram os mecanismos psicológicos para viver entre adultos.

Só viveram absorvidas por relações virtuais, quase sem contato com o mundo, e são ignorantes e inermes face aos perigos do mundo real.

“Ë preciso começar mais cedo, pois a partir dos 8 anos já correm risco”, disse Sebastián Bortnick, presidente da ONG argentina Cibersegura, que promoveu a lei que transformou em delito o acosso sexual a menores pela Internet e outros meios eletrônicos.



Redes como Facebook só admitem usuários com mais de 13 anos, mas o uso dessa rede social por parte de crianças é generalizado. “Sete de cada dez meninos e meninas entre 10 e 12 anos já criaram um perfil numa rede social”, afirma Roxana Morduchowicz, doutora em comunicação pela Universidade de Paris.

“Nós nos reuníamos para brincar na casa de um amigo, na rua ou na praça, mas hoje as crianças se encontram na Rede”, diz ela.

Crimes sexuais se multiplicam nas redes sociais e pais não devem ter medo de falar com seus filhos.
Crimes sexuais se multiplicam nas redes sociais.
Pais não devem ter medo de falar com seus filhos.
A tendência à autonomia manifestava-se desde os 13 anos e se definia aos 18 ou com o primeiro trabalho, mas hoje se faz pelas redes sociais e muito mais cedo.

Há poucos meses, a mãe de Antonella, 12, entrou no perfil de Facebook da filha. Nas conversações privadas desta, achou mensagens de um colega de escola pedindo-lhe fotos dela nua e propondo-lhe encontros sexuais.

A mãe ficou espantada com a resposta da filha: ela recusava essas propostas, mas não com a firmeza que a mãe desejava. E sua filha não tinha comentado nada sobre a situação.

A ONG argentina “Alerta Vida”, que estuda o problema, detectou que no país vizinho sete de cada dez menores sofreu algum tipo de acosso sexual enquanto navegava pelas redes sociais.

O Conselho de Meninos, Meninas e Adolescentes de Buenos Aires calculou que um de cada dois adolescentes entre 14 e 17 anos efetivou um encontro com um desconhecido contatado pelo Facebook e só dois de cada dez sentiu medo.

“Temos de fornecer aos nossos filhos as ferramentas de reflexão e pensamento crítico para duvidar das propostas antes dos 11 anos. Se você não olha os perfis dos filhos antes de 12, vai encontrar surpresas, vai ver que houve conversas antes”, explica Marcela Czarny, da ONG Chicos.net.

Essa ONG verificou que 85% dos pais argentinos se acham preparados para enfrentar os riscos. Porém, eles se limitam aos conteúdos e o tempo dedicado ao monitor, e não observam que os filhos acessam a Internet desde seu smartphone em qualquer parte sem controle.

Conferência sobre crimes sexuais online contra crianças. Preocupação até na Indonésia.
Conferência sobre crimes sexuais online contra crianças. Preocupação até na Indonésia.
“Os pais, com ou sem intenção, procuram escusas para não vigiar. É errado achar que os filhos sabem mais do que a gente. Eles só têm o conhecimento instrumental, mas muitas vezes não percebem a dimensão do perigo.

“É preciso lhes falar dele, perguntar o que eles fizeram esse dia na Internet, o que viram, com quem falaram. Não como um controle policial, mas como um tema de conversação.

“Faz bem às crianças sentirem que nós estamos presentes, que podem conversar conosco sobre o que fizeram e com quem falaram”, diz Morduchowicz.

“A linha da proteção, do controle e da espionagem é fininha, mas cada pai tem de agir”, explica Bortnick.

“O que não pode acontecer é o pai se desentender. É preciso criar nos filhos a ideia de que estão sendo observados para o seu bem. Não podemos ignorar as redes que eles usam, seja Facebook, Instagram ou Snapchat. Não fazer isso enquanto pais é olhar para o outro lado”.


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